Governo Trump processa Maine por não cumprir ordem que proibiu mulheres trans em esportes femininos
Trump assinou ordem executiva em fevereiro proibindo a participação de meninas e mulheres transgênero de participar em esportes femininos. Governadora de Mai...

Trump assinou ordem executiva em fevereiro proibindo a participação de meninas e mulheres transgênero de participar em esportes femininos. Governadora de Maine desafiou diretriz. Procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, anuncia processo contra Maine por não cumprir diretriz federal sobre atletas trans em esportes femininos em coletiva de imprensa em 16 de abril de 2025. REUTERS/Leah Millis O governo Trump anunciou nesta quarta-feira (16) que entrou com um processo contra o Departamento de Educação do Maine por não cumprir a diretriz federal que proibiu a participação de atletas transgêneros em esportes femininos, assinada pelo presidente Donald Trump em fevereiro. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O processo anunciado pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, em uma coletiva de imprensa em Washington, intensifica uma disputa entre o governo federal e os estados sobre se o estado está ou não respeitando a lei federal que proíbe discriminação na educação com base no sexo. Bondi estava acompanhada pela secretária de Educação, Linda McMahon. A coletiva de Bondi contou com a presença de mulheres que relataram episódios em que se sentiram prejudicadas ou afetadas pela presença de trans nos esportes. Uma delas foi Riley Gaines, ex-nadadora da Universidade de Kentucky, que se tornou uma das principais vozes públicas contrárias à participação de atletas trans em esportes femininos. O embate entre o governo Trump e Maine sobre o tema já dura semanas, desde quando o presidente assinou a ordem executiva. Ainda em fevereiro, também houve um desentendimento público entre Trump e a governadora democrata do estado, Janet Mills, durante evento na Casa Branca. Trump ameaçava cortar financiamento federal a estados que não cumprirem a ordem, quando Mills discordou em voz alta e disse “nos vemos no tribunal”. Bondi disse que o estado de Maine se recusou a cumprir as diretrizes do governo, e que não restou outra alternativa a não ser levar o caso à Justiça. Segundo a procuradora-geral, além do cumprimento da ordem de Trump, o governo buscará correção de campeonatos vencidos por trans e até retirar retroativamente o financiamento federal recebido pelo estado. Miriam Leitão: Trump acena para setores e China segue com retaliação Os Departamentos de Educação e de Saúde e Serviços Humanos do governo Trump alegam que a agência de educação do Maine está violando o Título IX —a lei federal que proíbe discriminação de gênero na educação— ao permitir que meninas trans participem de equipes femininas. As autoridades do Maine se recusaram a aceitar um acordo que proibiria estudantes trans de participarem dos esportes sob o argumento de que a lei não impede que as escolas permitam a participação desses atletas. Desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro, Trump tem tomado medidas contra os direitos trans e LGBTQIA+. Em seu discurso de posse, o republicano disse que "agora só existem dois gêneros: masculino e feminino". Ordens executivas assinadas por ele tentaram proibir pessoas trans de servir nas Forças Armadas, transferir mulheres trans para presídios masculinos e encerrar qualquer apoio do governo federal para cuidados de saúde voltados à transição de gênero. LEIA TAMBÉM: Trump remove termos como gay, lésbica, transgênero, bissexual e LGBTQ dos sites da Casa Branca e de agências federais Trump diz que Harvard 'perdeu o rumo' e acusa universidade de contratar 'idiotas' Califórnia anuncia que vai processar Trump contra 'tarifaço' aplicado a países Trump contra atletas trans em esportes femininos Trump durante entrevista à imprensa na Casa Branca Andrew Caballero-Reynolds/AFP Trump em 5 de fevereiro uma ordem executiva proibindo a participação de meninas e mulheres transgêneros em eventos esportivos femininos em escolas e faculdades. O decreto, intitulado "Mantendo os homens fora dos esportes femininos", cumpre uma promessa feita por Trump durante a campanha presidencial de 2024. O decreto foi noticiado primeiro pelo "Wall Street Journal". A ordem é vista pelos republicanos como uma forma de restaurar a equidade, mas criticada por opositores como uma violação dos direitos de uma pequena parcela de atletas. Com o decreto, o governo instrui o Departamento de Justiça a proibir meninas e mulheres trans de participar de esportes escolares femininos. A medida segue uma interpretação de Trump de uma lei contra discriminação de gênero em programas educacionais financiados pelo governo federal. O Departamento de Educação e outras agências federais ficaram responsáveis por fiscalizar o cumprimento da medida. O debate sobre a inclusão de pessoas trans no esporte frequentemente gira em torno da questão da equidade. Opositores argumentam que pessoas que passaram pela puberdade masculina têm vantagens físicas. Por outro lado, ativistas trans afirmam que não há evidências que comprovem que mulheres trans têm uma vantagem injusta. A questão se tornou uma bandeira dos republicanos nos Estados Unidos, embora atletas trans representem uma fração muito pequena dos esportistas nos níveis universitário e escolar. A Associação Atlética Universitária Nacional dos EUA (NCAA) exige que atletas trans femininas atendam a limites de testosterona específicos para cada esporte, mas não monitora a participação de atletas trans em esportes escolares. Mais de 20 estados já aprovaram leis que proíbem meninas trans de competirem em esportes femininos, algumas das quais enfrentam desafios legais. A ordem executiva determina que o Departamento de Segurança Interna americano revise solicitações de visto de mulheres trans que desejam ir para os Estados Unidos em competições como as Olimpíadas de Verão em Los Angeles, que ocorrerão em 2028. Trump afirmou que o governo vai negar vistos para atletas trans. A ordem assinada por Trump também exige que o Departamento de Estado "cobre mudanças" do Comitê Olímpico Internacional para impedir que atletas trans participem de competições. Os EUA usarão "toda nossa autoridade e capacidade" para aplicar a regra em eventos olímpicos em solo americano, afirmou o funcionário.